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Não precisa chorar... Será?
Você já parou para pensar quantas vezes você pode ter ouvido essa frase na sua infância? E quantas vezes você já replicou para os seus filhos?
Não precisa chorar... Será?
Você já parou para pensar quantas vezes você pode ter ouvido essa frase na sua infância? E quantas vezes você já replicou para os seus filhos?
Será que realmente conseguimos avaliar o sentimento do outro e se é necessário ou não chorar?
Quando um adulto pede para uma criança parar de chorar por que não precisa, na maioria das vezes sua intenção é muito boa, é tentar ajudar a criança a lidar, a amenizar aquele sentimento. O problema é que não é isso que a criança compreende. Dizer para ela que não precisa chorar é o mesmo que dizer que ele não tem motivos para isso... mas será que realmente temos embasamento para avaliar isso?
Imaginem comigo a seguinte cena: uma criança de 4, 5 anos começa a chorar por algum motivo “comum”: o brinquedo quebrar, saudade da mãe, um machucado... Acontece né, gente? A questão é que se a gente avalia a situação como um adulto, esse tipo de problemas são bobagem, mas se a gente avalia como uma criança isso pode ser um problemão. E se for o brinquedo preferido? E se acriança pensa que a mãe não vai volta? E se a criança tem medo de sangue? Isso é o que podemos chamar de EMPATIA GENUÍNA: olhar o mundo com os olhos do outro, senti-lo com o coração do outro. Inclusive com as crianças.
O problema é que muitas vezes esse tipo de frase sai praticamente no automático porque foi assim que muitos de nós aprendemos na infância.
E aí vocês podem estar se perguntando: e agora como é possível auxiliar a criança sem invalidar seus sentimentos?
Sim, é possível sim. Na contramão de frases prontas como: “não precisa chorar”, “não tem necessidade de ficar assim”, “não precisa ficar triste” existe uma ferramenta de comunicação chamada validação.
Validar os sentimentos é uma forma de reconhecer, de legitimar o que o outro está sentindo, mesmo quando não se concorda com o comportamento. A validação é uma forma de estreitar laços e estabelecer conexão entre as pessoas, mesmo durante um conflito.
Diante de um conflito, vocês costumam perguntar aos seus filhos o que eles estão sentindo? Esse é talvez o ponto de partida para utilizar a validação. Escutar é uma forma de conhecer a visão do outro. Algumas faixas etárias não possuem repertório suficiente ou capacidade para expressar verbalmente o que estão sentindo, como é o caso dos bebês e das crianças menores, mas nem por isso elas devem deixar de ser validadas. Estabelecer esse tipo de comunicação desde o início auxilia na construção de uma educação emocional mais sólida que poderá auxiliá-la pelo resto de sua vida.
E aí vocês podem estar se perguntando, mas além de perguntar, como posso validar o que meu filho está sentindo?
Separei algumas frases que pode ajudar vocês, mas lembrando que não é uma fórmula mágica e que a prática irá aumentando o repertório de vocês com o tempo, certo?!
• O que você está sentindo?
• Percebi que você ficou chateado. Como posso te ajudar?
• Você ficou bem triste, né?
• É muito chato quando isso acontece, né?
• Deve ser bem difícil não conseguir fazer isso.
• Posso ficar perto de você?
• Posso te dar um abraço?
• Você gostaria de me dar um abraço?
Como diz a dra Jane Nelsen em uma de suas obras de Disciplina Positiva, “ensinar, amar e agir respeitosamente na maioria das vezes já é suficiente”.
Karllene Vasconcelos Andrade de Farias
Psicóloga CRP 15/2837
Educadora Parental e Primeira Infância em Disciplina Positiva